Numa manhã como tantas as outras (aparentemente) entro na empresa, pouso o saco do almoço e entro no gabinete da CEO. Ignorei o casaco ainda vestido e o cachecol que já não me devia acompanhar. Tinha uma missão... ali e tinha de ser quanto antes. Precisava de paz, de descansar e sossegar.
- Olá! Bom dia, vou ser portadora de más notícias. Uma empresa que não é da minha área profissional fez-me uma proposta melhor e vou ter de aceitar. Vou receber o dobro e o contrato é de um ano. Vou fazer coisas novas, coisas que nunca fiz... é um desafio.
- Ora essa, fizeste o que tinha de ser feito.
- Agradeço a oportunidade que me deram e saio daqui com o coração apertado. Gostei de trabalhar aqui e afeiçoei-me muito a estas pessoas.
- Deixa-te disso, podes aparecer sempre que quiseres.
E foi assim, eu que sempre quis ser jornalista demiti-me a sangue frio da profissão. Ignorei o facto de apenas um em cada dez licenciados em jornalismo conseguir colocação e tudo o que tive de passar para chegar ali. Se alguma vez pensei fazer isto? Nunca! Mas sinto que foi a opção mais correcta. O que fazer quando sentimos que já fizemos tudo? Que não podemos evoluir mais? Saltar fora e entrar num barco que nos leva a novas marés.
Saí contente, feliz, em paz, de lágrima no canto do olho e com a barriguinha cheia de sushi (posso pedir mais?). Vivi muito, aprendi muito e levo muitas pessoas no coração. Hoje, graças àquele trabalho, sou uma pessoa bem mais interessante do que quando me interessava apenas pelo cinema. Abri os horizontes, aprendi a viajar sozinha, a meter conversa com qualquer pessoa... e sabe tão bem.
Àqueles que me acompanharam na empresa e descobriram este blogue (em alguma fase do processo): muito obrigada por tudo. Pelos mimos, oportunidades e sobretudo por me terem permitido aprender tanto e conhecer tantas pessoas por este mundo fora. Saio de coração apertado porque não vos queria deixar, ainda por cima de um dia para o outro.
Então e o jornalismo? Fica em standby. Por quanto tempo? Sei lá, nem quero pensar nisso. Por agora vou dedicar-me às marcas e tentar ser feliz.
P.S: A esta hora devia estar no Hard Rock a emborcar Cosmopolitans (me encanta), em vez disso estou a trabalhar uma entrevista para uma das newsletters que sai amanhã.