Às apalpadelas

Correu muito bem. Ninguém se sujou, todos comeram e ao contrário do que estavamos à espera a comida não foi parar fora do prato.

Quanto chegámos a sala estava a meia luz. Foi-nos posteriormente pedido para colocar as vendas e as luzes foram apagadas.

E lá ficámos nós sem ver um palmo à frente. A primeira coisa que fiz foi percorrer o espaço que tinha à minha frente com as mãos. Era preciso ganhar uma percepção do espaço, saber onde estavam os talheres, copos, prato, etc.

1.º prato- sopa

Experiência: fácil, fácil de comer

2.º prato- costoletas de borrego com arroz e batata frita

Experiência: o mais fácil foi mesmo encontrar as batatas, o arroz escapava de vez em quando e cortar as costoletas foi mesmo o terror. Tive a percepção de que tinha dois pedaços de costoleta no prato quando na verdade tinha quatro. (resumindo e baralhando... daqui a pouco estou cheia de fomeca)

3.º prato- sobremesa

Experiência: "Há gelado? Não encontro. Acho que só tenho bolo.", "Ai está aqui o gelado", "Oh comi a folha de hortelã, não era suposto"

Uma experiência memorável, sem dúvida. Assim que perdemos a visão todos os outros sentidos ficam mais despertos. Temos noção de quando alguém se aproxima, se é colocado algo à nossa frente e até o paladar processa os estimulos de maneira diferente.

Ao contrário do que estava à espera a visão a negro não assusta e o silêncio que o acompanha é tranquilizante. Uma boa forma de apresentar a importância do lançamento de um selo (do produto do ano) em braille.